23 de jan. de 2007

6. O Poder e a Amizade

Há um ditado antigo que diz: um amigo bom e fiel vale mais que um tesouro. Concordo. Mas vejamos. Se, quando assumes o poder, teus amigos de toda a vida vêm pedir cargos, deves romper com eles aquela amizade antiga, ainda que isto te seja doloroso. Porque o amigo bom e fiel jamais te pedirá algo que dependa de usares do poder que tens para atendê-lo. Queres chamar um amigo que consideras sincero para ocupar um lugar de tua confiança? Meu conselho é que relutes o quanto puderes em fazê-lo, pois não deves colocar teu amigo numa situação em que tenha a opção de negar teu pedido. Neste caso, tu não estás sendo o amigo bom e fiel que ele esperava que fosses.

Há o risco de perder muitos amigos? Sim, há. Como também o haverá se tentares atendê-los em seus pedidos. Manter os amigos longe do poder é o melhor que farás. Trata-os como sempre os trataste. Contudo, atenta para o seguinte: se um amigo te apoiou em tua escalada para o poder e esteve sempre ao teu lado, oferece-lhe teu melhor cargo, mas trata-o como um subordinado, não como um amigo. Alcança que, ao fazer isto, terás deixado o amigo para teres um subordinado em quem podes confiar. Por isso, jamais deves permitir que a amizade subjacente interfira na relação de poder. No entanto, se titubeares e fores pego cedendo a pequenas chantagens, demite-o imediatamente.

Deves estar indagando-te: se não devo colocar os amigos à minha volta, como vou preencher os cargos de confiança sob meu poder direto? Aqui vai meu conselho: coloca funcionários de carreira, especialmente os mais antigos. Atenta para os que tenham liderança saudável sobre os demais, que não sejam narcisistas e que demonstrem ter múltiplas habilidades. Deves escolher proporções iguais de homens e mulheres.

Concluindo: poder é poder; amigos, à parte.

3 comentários:

Anônimo disse...

SS. BXVI,

Sem ter conhecimento de tão sábios ensinamentos, eis que eu mesmo segui as vossas recomendações. Jamais cedi um cargo para um amigo que não fosse aloprado e deles exigi apenas a subserviência total. No entanto, discordo de vós quanto a assumpção de técnicos de carreira para ocupar um cargo de confiança. Jamais confio em técnicos. Eles são excessivamente racionais e podem por a perder os meus pleitos de uma maior longevidade dos meus próximos 6 mandatos. Quando eu lhes digo para baixar o preço do petróleo, é para baixar. Quando eu digo que se comprem sanduíches, é para comprar. Não interessa se é técnico, ou não. Mas os técnicos sempre aparecem com contra-argumentos. Uma hora é dizendo que o dinheiro não será suficiente, outra hora falando numa tal responsabilidade fiscal. Eu detesto que me contrariem. Principalmente na frente dos meus amigos aloprados que vivem no meu suntuoso palácio.

Benedictus Blackwhite disse...

Jamais recomendei que técnicos de carreira assumam cargos de confiança. Aconselho que funcionários de carreira o façam. Deixemos os técnicos para os futebolistas, essa coisa boba.

Anônimo disse...

Esse eh o melhor dos ensinamentos: amigos, amigos, negocios a parte. Sigo a risca...