22 de jan. de 2007

5. O Poder e o Amor

Só uma coisa é mais forte que o poder: o amor. Se amas alguém e este amor vier a requerer que renuncies ao exercício da vontade de mando, faze-o. Do contrário, ficarás dividido entre o amor e o poder. Tua visão do poder ficará obnubilada pelo amor e teu amor será incompleto devido às preocupações com o poder. Lembra-te: poderás sobrepujar todos os adversários, mas não subjugarás o amor, pois este é maior e mais forte que tudo.

Se, no entanto, o amor não te obrigar à renúncia do poder, deves cultivá-lo como a um bonsai, de modo a não fazer sombra na vontade de mando. A pessoa a quem amas não deverá participar em nada das instâncias do teu poder e terá sua fonte de renda independente da tua ou de tua influência. Tu não deves dar a ela privilégio algum de teu poder, pois isto causará nela divisões e poderá alimentar dúvidas sobre se a amas verdadeiramente ou queres agradá-la em troca de afeto. Por isso, cuida que a pessoa amada jamais intervenha em tuas decisões de poder. Isto porque, quando estiveres com ela em momentos de entrega amorosa, possas estar por inteiro e ela também.

Por fim, uma palavra aos amigos poderosos que amam pessoas do mesmo sexo e que me pediram um conselho. Ei-lo: se és gay, homem ou mulher, não importa, não deves temer a exposição pública desta condição, a não ser que sejas tu mesmo o primeiro a ter restrições a esse tipo de amor. Se não tens, deves deixar a grande população saber disso. Tua vontade de mando e seu exercício não sofrerão abalos significativos, mesmo sabendo que um número considerável de pessoas avalie que este tipo de amor seja inatural. Elas saberão distinguir entre tua forma de amar e tua forma de exercer o poder.

Em tudo, guarda uma coisa: não deves passar a vida sem que ames alguém.

4 comentários:

Anônimo disse...

SS. BXVI,

É o Amor, de fato, o grande motor de nossas vidas. Mesmo que, como dizeis vós, devamos renunciar à vontade de mando, ele acaba preenchendo a nossa vida e esvaziando a nossa carteira, a nossa conta no banco e o tanque dos nossos veículos, sejam eles de passeio, de lazer ou de trabalho. São os milhares de euros, dólares e yuans, além dos reais que se vão, a cada dia mais rapidamente que no dia anterior. No entanto, SS., ficar obnubilado por tal Amor é para aqueles que se entregam sem limites. O Poder nos faz a ceder diante do Amor. Eu mesmo, apesar dessa minha teimosia em insistir nas metáforas ginecológico-parturientes, tenho dificuldades em contornar os meandros do Amor. E, confesso, tenho que ceder diante de um maiô estrelado, um jardim de estrelas vermelhas, ou um vestido amarelo, ou, mesmo, um passaporte italiano. E esta cessão se extende àqueles que cercam o Amor.

Feliz, ou infelizmente, não me situo nas vossas últimas observações, se não contarmos aquele pequeno caso que me aconteceu com o Hans Fusca, pessoa de origem germânica a quem conheci nos meus tempos de sindicato, pouco antes de eu perder os nove dedos das mãos. Tivemos uma rápida relação que, pode-se dizer, jamais alcançou o mesmo nível de Amor que, mais tarde, nutri pela Amada. Fusca, nome que deu origem ao já conhecido veículo, me acompanhava todas as noites até o sindicato para imprimirmos os panfletos de incitação às paralisações e aos bloqueios dos portões das fábricas. Fusca adoeceu na época do Presidente Phernando Pretto-e-Branco de Mella e morreu ao fim da Administração do seu sucessor, o Presidente Itapior Franco, o Tartaruga de Desembargador de Dentro (cidade onde morava). Fusca deixou saudades e, até hoje, não me apaixonei por nenhum outro que tenha se tornado assim famoso.

Vede, SS., que só diante de vossa misericordiosa presença é que tenho coragem de confessar tais acontecimentos, visto que somente vós podereis por mim interceder junto às instâncias cabíveis quando a hora se fizer necessária.

Benedictus Blackwhite disse...

Vai ser difícil conseguir algum perdão para ti, pois te envolveste com tipos sinistros. Mesmo assim vou tentar junto ao deus em que acreditas. Sei muitos segredos dele e, quem sabe, cederá a alguma chantagem.

Anônimo disse...

Hahahahahahahahahahahhahaahhahaahhahahaha. Sao Benedito, sao Benedito, me responda uma coisa... Voce afirma: "não deves passar a vida sem que ames alguém." Sigo seu conselho se amo alguem por um breve lapso de tempo, e depois nunca mais amo ninguem? Ou eh necessario estar sempre amando alguem? Mais ainda meu sao Benedito, devemos distinguir entre o amor e a paixao, pois sim? Porque uma paixao avassaladora acaba com o poder que uma pessoa tem ate mesmo sobre si mesma, quanto mais sobre o mundo...

Benedictus Blackwhite disse...

Se alguém diz que ama outro alguém por um lapso de tempo, então mente ou ignora o que é amor. Não há amor breve. Se for breve, não é amor, mas apenas uma doença comumente chamada de paixão.