31 de mar. de 2007

FHC: eis o culpado!

Tudo de ruim que acontece no Brasil é culpa de FHC. Meu tio, deu formiga na plantação de rosas dele. Culpa de quem? Do FHC. Ele comprou um FHC muito fraco e as formigas não morreram.

Um amigo do meu tio, deu piolho nas galinhas. Ele aplicou FHC e não adiantou, os piolhos aumentaram e mataram as mais botadeiras.

Um vizinho do amigo do meu tio, foi uma praga de gafanhotos na plantação de cannabis. Ele pulverizou FHC, mas foi em vão. Perdeu mais de 80% das folhas.

Como se vê, a culpa de ainda termos essas pragas (ou seriam chagas?) é de FHC.

Meu Caro Henry Sobel

Furtar gravatas seria apenas furtar gravatas se não fossem de marcas famosas. Furtar gravatas seria apenas furtar gravatas se o acusado não fosse um rabino conhecido em um país do hemisfério sul. Se o acusado fosse um vivaldino desconhecido, seria uma ocorrência a mais na delegacia de polícia de Palm Beach.

Mas trata-se de Henry Sobel.

Henry Sobel não pode furtar gravatas em Palm Beach. Não pode nem mesmo ser acusado de fazê-lo. Henry Sobel é intocável. É perfeito. Um observante radical do mandamento "não roubarás". Eu posso furtar gravatas em Palm Beach e em Milão. Ele, não.

Por que não?

Por causa de uma bobagenzinha chamada narcisismo. Mais: narcisismo moral. Ou moral narcisista. É ela que faz com que algumas pessoas se sintam melhores do que Deus: impecáveis. Quando se lhes imputa a acusação de terem furtado quatro gravatas, querem morrer. Não tanto por causa da acusação de furto em si, mas de sua publicidade.

Haveria esse drama todo se a acusação não tivesse sido publicada?

Caro senhor Sobel, você é um humano, feito de húmus. Não pretenda ser Deus. Você é acusado de furtar quatro gravatas. Deus é acusado de nos levar toda perspectiva de perfeição.

24 de mar. de 2007

Assinei o Pedido

O trenó de Santa Klaus continua indisponível. Por isso, sou obrigado a viajar de avião e submeter-me à dinâmica do controle de tráfego aéreo do Brasil. Sim, rubriquei o abaixo-assinado de Gabeira e Jungmann requerendo a tal CPI do Apagão Aéreo. Não vai adiantar muito, mas pelo menos guardarão minha assinatura nos anais da História do Brasil.

19 de mar. de 2007

Fui mal interpretado

Todos vós sabeis que a língua oficial, escrita, que uso em meus documentos é o Latim. Pois então. Escrevi recentemente que o segundo casamento é uma praga, mas todos me interpretaram mal. Explico-me. Se no primeiro casamento, o homem já tinha que ver calcinha pendurada no banheiro, bisnaga de pasta dental amarrotada e dentes rangendo de TPM, procurar um segundo é uma praga. Do mesmo modo a mulher. No primeiro, tendo que enfrentar cueca suja no chão, tampa de privada respingada de urina e futebol com os amigos, procurar um segundo casamento é também uma praga. O problema todo está no Latim, que não tem vocábulo para dizer "calcinha", "cueca", "tampa de privada" e "TPM".

11 de mar. de 2007

São Benedito

Às vezes, sou também o santo preto. Deveis saber. Nasci em 1526. Na Itália. Sicília. A aldeia se chamava San Filadelfo. Hoje, San Fratello. Muitos me chamavam de mouro por causa de minha ascendência africana. Meus pais eram, sim, africanos. Fui camponês até os 21 anos, quando fui morar com os eremitas de Monte Peregrino. Fiquei com eles por oito anos e depois ingressei na Ordem dos Frades Menores (franciscanos).

Contam que realizei o que chamam de milagres, coisas extradordinárias. Mas é tudo mentira. Meu maior feito ninguém lembra, mas digo aqui: foi ter sido considerado santo pela Igreja Católica mesmo sendo preto.

Morri em 1589. Em Palermo, na Itália também.

Ainda o Carnaval

Tem dias tediosos na minha vida. Mas não são aqueles em que estou em companhia do presidente do Brasil. Em passagem por aqui durante o Carnaval, brindou-nos com a dança da galvanização do primeiro santo brasileiro. É também chamada de Dança do Ponto G. Gostamos muito e tentamos aprender com ele, mas, espertamente, recusou-se a nos ensinar e prometeu fazê-lo quando formos ao Brasil.

5 de mar. de 2007

14. O Poder e a Imagem

Deves saber que a imagem pública de qualquer pessoa é diferente daquela que guarda na intimidade. O que és de perto, com os próximos e com os íntimos, muito raramente coincide com o que os meios divulgam de ti. Por isso, cuida para que tua intimidade seja preservada, assim como a dos teus familiares e dos teus amigos. Não permitas que tua vida pública invada tua privacidade e vice-versa. Lembra sempre que o exercício do poder é uma atividade pública e como tal deve ser planejada e mantida.

No entanto, a grande população tem curiosidades a teu respeito quanto à tua intimidade. Por isso, de vez em quando, deves satisfazer tal sentimento. Permite que os meios divulguem imagens que mostrem teu lazer, teus fazeres caseiros, o interior de tua casa. Mas não deixes que isto aconteça mais que duas vezes ao ano, para que a aura de mistério do poder continue sendo mais importante que a identificação criada entre ti e as pessoas comuns.

Fundamental também é teres consciência de que o cargo de poder que ocupas é maior do que a tua biografia. Deves agir assim, tendo isto sempre em mente, para que tua auto-imagem seja equilibrada e tua vaidade não pese mais que tua responsabilidade de pessoa poderosa. Portanto, esta deve ser a tua imagem pública: de equilíbrio entre o peso do cargo e a força de tua vaidade. Em momentos de dúvida, opta sempre pelo peso do cargo.

As empresas de comunicação, especialmente aquelas identificadas com teus adversários, trabalharão preponderantemente para veicular uma imagem negativa a teu respeito. Deves monitorar tal veiculação, para saberes se está alcançando os resultados que teus adversários esperam. Caso estejam tendo êxito, deves agir. Mas cuidado: não utilizes a mesma receita deles, como se pudesses formular melhorias na tua imagem pelo uso de recursos de marketing e propaganda nas empresas de comunicação. Faz o seguinte: desqualifica aquelas empresas diante da opinião pública, mostrando os interesses econômicos que constroem a notícia. Mas não te ponhas demasiadamente como vítima. Desta forma, terás atacado a raiz, a causa, não o efeito.

Uma palavra final: tua imagem é forte quando é formada e consolidada por tua presença física, não por meios eletrônicos ou impressos, filtrada por pessoas ligadas ao marketing.