18 de dez. de 2007

O Caminho da Esperança

A esperança salva. Falo isso de experiência própria, pois, desde a mais tenra idade, tenho trilhado o caminho da esperança.

12 de dez. de 2007

No Irã


Uma vez no Iraque, aproveitei para visitar meus amigos aiatolás, no Irã. Aproveitei para indagar-lhes se, na hora de dormir, colocam a barba sobre ou sob o cobertor.

7 de dez. de 2007

Canon

Meu amigo Johann Pachelbel é um grande compositor.

1 de dez. de 2007

A Ceia

Minha mais recente encíclica teve um lançamento especial. Convidei alguns amigos esquerdistas para uma ceia de confraternização. Meu amigo Bush não quis vir, logicamente. Breve, farei um lançamento também com os amigos direitistas.

22 de nov. de 2007

Technorati

Technorati Profile

18 de nov. de 2007

Encontro anual dos pelados

Enquanto aguardo a demonstração das weapons of mass destruction, por parte de meu compadre W. Bush, aproveito para dar um pulo até a Turquia para participar do Encontro Anual dos Pelados. Como somos todos cristãos, não precisamos nos curvar na direção de Meca.

31 de out. de 2007

Às vezes eu sofro



A vida, às vezes, não é fácil para mim. Suportar meu próprio peso durante as longas liturgias do Vaticano é deveras uma cruz. Ainda por cima, aquela tinta vermelha no peito me obriga a tomar banho depois. Eu detesto tomar banho.

30 de out. de 2007

Invasores

Encontrei no Iraque meu amigo Tony Blair. Sabendo que eu iria à festa, levou-me esta foto antiga que ele havia encontrado num baú no palácio de Buckhingam, numa visita à rainha-mãe. Lembrei-me de minha primeira longa estadia em Londres, em casa de uma tia de meu amigo Churchill. Ela levou-me para passear pela rua pacata e tiramos algumas fotos. Numa delas, uns rapazes resolveram fazer gracinha e atravessaram atrás de mim. Desfiz-me da foto dias depois e realmente não consigo entender como foi parar em um baú em Buckhingam.

22 de out. de 2007

Ascese

Ascetas que somos, W. Bush, eu e alguns assessores praticamos um banho de neve para nos livrarmos das tentações da carne vivenciadas na festa das Weapons of Mass Destruction. Bush não quis se sentar, por motivos ainda ocultos.

16 de out. de 2007

Primeiras provas

De volta ao Iraque, W. Bush finalmente inicia a demonstração pública das provas da existência de armas de destruição em massa no território dos sunitas. A primeira prova é a múmia de uma mulher curda, atingida por armas químicas disparadas pelos sunitas, ao norte do Iraque, por volta do ano 1000 a.C. Fico pensando: onde estava Deus nessa época?

Homenagem

Enquanto aguardo meu amigo W. Bush fazer a demonstração das armas de destruição em massa, participo, nas Filipinas, de uma tradicional procissão em homenagem ao Sagrado Prepúcio de Jesus. O convite veio através de um irmão de Hugo Chavez (na foto, logo atrás de mim), que é um dos organizadores do evento. A devoção ao Sagrado Prepúcio é-me querida desde meus catorze anos, quando, por um milagre desta relíquia, fui curado do mal da ejaculação precoce.

11 de out. de 2007

Michelangelo Nascimento

Rodrigo Borgia, meu grande amigo, contratara um tal Nascimento para fazer o teto da capela Sistina. Eis a obra-prima do rapaz. Guardada em meu museu particular. A oito chaves. As sete primeiras estão com Nascimento, mas a oitava, não: está comigo. Guardada a sete chaves.

21 de set. de 2007

Weapons party

Eis que meu amigo e compadre W. Bush convidou-me para a festa de gala de apresentação das weapons of mass destruction. A animação era total, com legítima música texana e bufê iraquiano. Mas confesso: nada disso me seduzia, pois estava mesmo interessado em ver as armas de destruição em massa.

To be continued...

Mao


Tenho duas irmãs que conviveram de perto com Mao. Dia desses, vasculhando um velho baú de fotografias, eis que encontro essa. Senti uma ponta de saudade - não de Mao. Separei-me delas ainda menino, quando foram para a China, e nunca mais as vi. Pergunto-me: como posso sentir saudade de quem pouco conheci?

19 de set. de 2007

Weapons of mass destruction 8


Apesar de seus danos, as weapons-estátua trazem, às vezes, algumas novidades. É o caso deste gnomo gigante do Iraque. Até então considerado um ser mitológico, este foi encontrado numa floresta próximo a Bagdá após a explosão de uma weapon-estátua.

Weapons of mass destruction 7

Há, entre os americanos, não poucas vítimas acidentais das weapons-estátua. Podeis ver aqui a cena triste de um filho de um giant-soldier atingido por um estilhaço de weapon-estátua. Há uma forte pressão entre os militares americanos no sentido de aposentar essas armas, mas o Pentágono não admite sequer pensar sobre o assunto. O principal argumento é que foram gastos vários bilhões de dólares em pesquisa e fabricação das weapons-estátua.

Weapons of mass destruction 6

As weapons-estátua são as mais terríveis armas de destruição em massa que já conheci. Pude constatar seus resultados em diversas ocasiões. Na foto, podeis ver um soldado americano atingido acidentalmente quando carregava seu companheiro ferido.

Weapons of mass destruction 5

Tive sérios problemas com algumas weapons of mass destruction. É que elas não queriam sair de perto de mim nem que eu invocasse o espírito de Saddam. Podeis ver atrás mim duas poderosas weapons. Sim, aquilo que parece ser uma estátua - e, na verdade, o é - é uma perfeita máquina de destruição: quando explode, seus estilhaços, aos milhões, quando atingem as pessoas, transformam-nas em estátuas de pedra.

18 de set. de 2007

Why too?

Se não encontrares the weapons,
compra uns bombons
imita alguns sons
de tambor
e dá o chocolate às crianças.

Why?

Se um dia fores a Bagdá,
não te esqueças de procurar
em todo e qualquer lugar
por este olhar.

Vítima


Em Basra, conheci o sargento John Jones, atingido por uma arma de destruição em massa. Ganhou muitas medalhas e um par de sapatos italianos.

Giant soldiers

Mais uma raridade: encontrar giant soldiers durante o dia. Tive muita sorte, realmente. Uma informação de que armas de destruição em massa seria usadas numa estrada próxima de Bagdá fez esses bravos soldados erguerem-se de seu sono matinal.

Weapons of mass destruction 4

Tive que me disfarçar de menino para compreender o que se passava nesta cena: centenas de homens iraquianos lançavam armas de destruição em massa contra um soldado americano.

Weapons of mass destruction 3


Os bravos agentes dos Estados Unidos da América, o país mais livre do mundo, não mediram esforços na busca pelas armas de destruição em massa. Cães-robô-farejadores, funcionando com sistema operacional da Microsoft, descobriram um homem que trazia uma poderosa arma entre as pernas.

17 de set. de 2007

Greenspan versus W. Bush

"Eu me entristeço por ser politicamente inconveniente reconhecer o que todo mundo sabe: a guerra no Iraque é principalmente por petróleo", afirma Alan Greenspan, ex-presidente do FED, republicano de carteirinha. Mas não deveis acreditar nele! Vede que tenho mostrado aqui que as armas de destruição em massa são reais.

Enquanto isso, no Brasil...



Enquanto estou em missão no Iraque, meus agentes no Brasil descobriram uma dinheirama dentro de um túmulo, num cemitério da capital mineira. Além do dinheiro, foram encontrados santinhos e um crucifixo. E uma foto de Eduardo Azeredo em fase adiantada de decomposição.

16 de set. de 2007

Weapons of mass destruction 2



Deveis saber que sou um homem santo, e não consigo olhar para certas coisas. Por isso, em ocasiões constrangedoras, faço uso de minha burka. Como podeis constatar, havia realmente armas de destruição em massa no Iraque. Não posso deixar de reconhecer que foi deveras inteligente por parte de Saddam mandar escondê-las sob as burkas das mulheres.

Weapons of mass destruction

Continuo o relato de minha visita ao Iraque, a convite de W. Bush. Missão: testemunhar a existência de armas de destruição em massa. Eis que tenho contato com mais um tipo, escondido sob a burka. A foto mostra que, além de armas de destruição em massa, havia realmente um contato muito forte com Osama Bin Laden.

14 de set. de 2007

Primeiras informações






As investigações sobre as armas de destruição em massa foram realizadas por uma comissão de alto nível, formada por agentes ingleses, americanos, italianos e israelenses. Após incansável e dedicado trabalho, esses bravos agentes mostram agora o resultado: parte importante das armas de destruição em massa estava escondida sob as burkas.


To be continued...

Missão Iraque

Minha visita ao Iraque foi realmente tocante. Conheci de perto um soldado gigante americano, que é resultado de trabalhosas e ultra-secretas intervenções genéticas. O soldado-gigante (giant soldier) é especialmente treinado para missões que exigem visão noturna e, por isso, é raro encontrar um deles trabalhando durante o dia. Vários países tentaram produzir soldados gigantes, dentre eles a China e a Rússia, mas conseguiram, no máximo, jogadores de basquete medianos. O Brasil também desenvolveu um projeto secreto durante os governos militares, obtendo um resultado muito satisfatório em termos de basquetebol, mas o gigante era totalmente emotivo e chorava facilmente.

Mas concentremo-nos em minha missão no Iraque: encontrar as armas de destruição em massa. Na verdade, eu fui para integrar uma comissão internacional especialmente convidada pelo presidente Bush para conhecer de perto e testemunhar a existência das armas de destruição em massa no Iraque. Nos próximos posts, estarei mostrando detalhes dessa missão.

12 de set. de 2007

Aracnídeo

Existem coisas que são deveras irritantes. Vento forte é uma delas. Principalmente para quem usa roupas como as minhas. Outra coisa bem chata é aranha. Depois de minha visita ao Iraque, a convite de meu compadre Bush, acrescentei ainda mais asco a esses bichos de oito pernas. Proximamente estarei narrando minhas impressões sobre o Iraque.


10 de set. de 2007

8 de set. de 2007

Passei por lá


O Vaticano foi convidado para o Congresso do PT. Aceitou. E me mandaram como observador da delegação internacional. Eu fui. Se pudesse escolher, não iria. Bobagem por bobagem, prefiro ouvi-las pela TV, no conforto de minha ampla sala. E sem precisar fazer pose de inteligente.

6 de set. de 2007

Benedictus, pai!

Coisas estranhas aconteceram-me nos últimos meses. Além de ser um santo preto amigo de Santa Klaus, Sumo Pontífice e matador de Zumbi, tornei-me pai de mais uma criança. Uma menina. Espero que ela se torne uma consumidora voraz de leite materno e que o chocolate e outros venenos venham somente aos quinze anos. Bobagem remar contra a corrente, mas é o que a gente faz o tempo todo.

27 de ago. de 2007

Terceiro Mandato de Lula

O presidente do Brasil, país que me é especialmente querido, vai mesmo lutar por um terceiro mandato. Minhas fontes secretas da Holanda enviaram-me foto do novo avião presidencial que está sendo fabricado em local ultra-escondido, sob o mar dos Países Baixos. A previsão é que a aeronave esteja voando em 2013.

22 de ago. de 2007

Cansei!


Estive na manifestação do CANSEI. Senti-me em casa, confesso, entre beldades perfumadas e o mundo da fantasia da indignação. Na verdade, também estou cansado de muita coisa. Mas o que mais me desgasta é ter que posar o tempo todo de sumo pontífice. Eu queria mesmo era chutar o balde e desfilar na Sapucaí.

16 de mai. de 2007

Lindo!


Eu conheço muita gente feia, mas esse aí ganhou o prêmio da feiúra nacional. Mas, como beleza não põe mesa, resta-lhe o consolo platonista de tentar ser bom para ser belo. Mas alguém pode tentar ser bom com uma arma na mão?

14 de mai. de 2007

Nunca antes neste país

Fiquei deveras comovido com a recepção que tive por parte do presidente e de sua esposa, que é também a primeira-dama do Brasil. Em seu discurso de boas vindas, o presidente quase me levou às lágrimas quando afirmou que "nunca antes neste país houve a visita de um papa alemão".

Notem que meu sósia e dublê, Bento XVI, está ao fundo, à esquerda, disfarçado de fotógrafo. Caso não consigam ver, há uma seta amarela indicando o sujeito.

13 de mai. de 2007

As Botas da Primeira Dama


Tive momentos alegres em minha visita ao Brasil. O mais divertido deles foi ver as botas da primeira-dama de São Paulo. Eu gosto de botas, especialmente as vermelhas de meu amigo Santa Klaus.

1 de mai. de 2007

O Fim do Limbo

Os dois mais importantes integrantes da comissão teológica internacional deram entrevista coletiva para explicar o fim do limbo na doutrina católica. Eles afirmaram que a graça divina mudou de idéia depois de 800 anos e resolveu aceitar no paraíso as crianças que morrem sem o batismo.

7 de abr. de 2007

O Papa e a Física Nuclear

Cito trecho da carta Sacramentum Caritatis, de Bento XVI (negritos meus):

"A conversão substancial do pão e do vinho no seu corpo e no seu sangue insere dentro da criação o princípio duma mudança radical, como uma espécie de « fissão nuclear » (para utilizar uma imagem hoje bem conhecida de todos nós), verificada no mais íntimo do ser; uma mudança destinada a suscitar um processo de transformação da realidade, cujo termo último é a transfiguração do mundo inteiro, até chegar àquela condição em que Deus seja tudo em todos (1 Cor 15, 28)."

Fissão nuclear é a divisão do núcleo do átomo em dois pedaços menores e de massas comparáveis. Pode haver quebra que resulte em mais de dois pedaços menores, mas é rara. É uma interferência na força nuclear forte, feita pelo bombardeamento de núcleos pesados utilizando-se nêutrons. É um processo raríssimo na natureza, mas muito utilizado artificialmente em usinas nucleares e em bombas atômicas, porque libera enorma quantidade de energia.

Se o Papa afirma que a conversão substancial (da substância) do pão e do vinho no corpo e no sangue de Cristo ocorre como uma espécie de fissão nuclear, estamos lidando com um poder que ameaça as potências atômicas do planeta. É a vitória final do Cristianismo Católico Romano.

Resta saber para onde vai a gigantesca energia liberada durante as fissões nucleares que acontecem no momento da transubstanciação do pão e do vinho em corpo e sangue de Cristo, na Consagração.

Um documento oficial do Papa que cita a fissão nuclear é algo excitante.

Agora entendo por que o Irã acelera seu programa nuclear. Os aiatolás ainda não conseguiram que Alá os ajudasse a realizar a fissão nuclear.

1 de abr. de 2007

Enquanto espero, um vinho

Ah, a demora em consertar o trenó de meu amigo Santa Klaus me faz ter que enfrentar aeroportos nem sempre amigáveis. Os atrasos causam irritação em muitas pessoas e elas querem descontar em alguém sem poder para atuar de maneira eficaz para resolver a situação. Perda de tempo. Eu, em vez disso, abro meu vinho canônico e saboreio.

31 de mar. de 2007

FHC: eis o culpado!

Tudo de ruim que acontece no Brasil é culpa de FHC. Meu tio, deu formiga na plantação de rosas dele. Culpa de quem? Do FHC. Ele comprou um FHC muito fraco e as formigas não morreram.

Um amigo do meu tio, deu piolho nas galinhas. Ele aplicou FHC e não adiantou, os piolhos aumentaram e mataram as mais botadeiras.

Um vizinho do amigo do meu tio, foi uma praga de gafanhotos na plantação de cannabis. Ele pulverizou FHC, mas foi em vão. Perdeu mais de 80% das folhas.

Como se vê, a culpa de ainda termos essas pragas (ou seriam chagas?) é de FHC.

Meu Caro Henry Sobel

Furtar gravatas seria apenas furtar gravatas se não fossem de marcas famosas. Furtar gravatas seria apenas furtar gravatas se o acusado não fosse um rabino conhecido em um país do hemisfério sul. Se o acusado fosse um vivaldino desconhecido, seria uma ocorrência a mais na delegacia de polícia de Palm Beach.

Mas trata-se de Henry Sobel.

Henry Sobel não pode furtar gravatas em Palm Beach. Não pode nem mesmo ser acusado de fazê-lo. Henry Sobel é intocável. É perfeito. Um observante radical do mandamento "não roubarás". Eu posso furtar gravatas em Palm Beach e em Milão. Ele, não.

Por que não?

Por causa de uma bobagenzinha chamada narcisismo. Mais: narcisismo moral. Ou moral narcisista. É ela que faz com que algumas pessoas se sintam melhores do que Deus: impecáveis. Quando se lhes imputa a acusação de terem furtado quatro gravatas, querem morrer. Não tanto por causa da acusação de furto em si, mas de sua publicidade.

Haveria esse drama todo se a acusação não tivesse sido publicada?

Caro senhor Sobel, você é um humano, feito de húmus. Não pretenda ser Deus. Você é acusado de furtar quatro gravatas. Deus é acusado de nos levar toda perspectiva de perfeição.

24 de mar. de 2007

Assinei o Pedido

O trenó de Santa Klaus continua indisponível. Por isso, sou obrigado a viajar de avião e submeter-me à dinâmica do controle de tráfego aéreo do Brasil. Sim, rubriquei o abaixo-assinado de Gabeira e Jungmann requerendo a tal CPI do Apagão Aéreo. Não vai adiantar muito, mas pelo menos guardarão minha assinatura nos anais da História do Brasil.

19 de mar. de 2007

Fui mal interpretado

Todos vós sabeis que a língua oficial, escrita, que uso em meus documentos é o Latim. Pois então. Escrevi recentemente que o segundo casamento é uma praga, mas todos me interpretaram mal. Explico-me. Se no primeiro casamento, o homem já tinha que ver calcinha pendurada no banheiro, bisnaga de pasta dental amarrotada e dentes rangendo de TPM, procurar um segundo é uma praga. Do mesmo modo a mulher. No primeiro, tendo que enfrentar cueca suja no chão, tampa de privada respingada de urina e futebol com os amigos, procurar um segundo casamento é também uma praga. O problema todo está no Latim, que não tem vocábulo para dizer "calcinha", "cueca", "tampa de privada" e "TPM".

11 de mar. de 2007

São Benedito

Às vezes, sou também o santo preto. Deveis saber. Nasci em 1526. Na Itália. Sicília. A aldeia se chamava San Filadelfo. Hoje, San Fratello. Muitos me chamavam de mouro por causa de minha ascendência africana. Meus pais eram, sim, africanos. Fui camponês até os 21 anos, quando fui morar com os eremitas de Monte Peregrino. Fiquei com eles por oito anos e depois ingressei na Ordem dos Frades Menores (franciscanos).

Contam que realizei o que chamam de milagres, coisas extradordinárias. Mas é tudo mentira. Meu maior feito ninguém lembra, mas digo aqui: foi ter sido considerado santo pela Igreja Católica mesmo sendo preto.

Morri em 1589. Em Palermo, na Itália também.

Ainda o Carnaval

Tem dias tediosos na minha vida. Mas não são aqueles em que estou em companhia do presidente do Brasil. Em passagem por aqui durante o Carnaval, brindou-nos com a dança da galvanização do primeiro santo brasileiro. É também chamada de Dança do Ponto G. Gostamos muito e tentamos aprender com ele, mas, espertamente, recusou-se a nos ensinar e prometeu fazê-lo quando formos ao Brasil.

5 de mar. de 2007

14. O Poder e a Imagem

Deves saber que a imagem pública de qualquer pessoa é diferente daquela que guarda na intimidade. O que és de perto, com os próximos e com os íntimos, muito raramente coincide com o que os meios divulgam de ti. Por isso, cuida para que tua intimidade seja preservada, assim como a dos teus familiares e dos teus amigos. Não permitas que tua vida pública invada tua privacidade e vice-versa. Lembra sempre que o exercício do poder é uma atividade pública e como tal deve ser planejada e mantida.

No entanto, a grande população tem curiosidades a teu respeito quanto à tua intimidade. Por isso, de vez em quando, deves satisfazer tal sentimento. Permite que os meios divulguem imagens que mostrem teu lazer, teus fazeres caseiros, o interior de tua casa. Mas não deixes que isto aconteça mais que duas vezes ao ano, para que a aura de mistério do poder continue sendo mais importante que a identificação criada entre ti e as pessoas comuns.

Fundamental também é teres consciência de que o cargo de poder que ocupas é maior do que a tua biografia. Deves agir assim, tendo isto sempre em mente, para que tua auto-imagem seja equilibrada e tua vaidade não pese mais que tua responsabilidade de pessoa poderosa. Portanto, esta deve ser a tua imagem pública: de equilíbrio entre o peso do cargo e a força de tua vaidade. Em momentos de dúvida, opta sempre pelo peso do cargo.

As empresas de comunicação, especialmente aquelas identificadas com teus adversários, trabalharão preponderantemente para veicular uma imagem negativa a teu respeito. Deves monitorar tal veiculação, para saberes se está alcançando os resultados que teus adversários esperam. Caso estejam tendo êxito, deves agir. Mas cuidado: não utilizes a mesma receita deles, como se pudesses formular melhorias na tua imagem pelo uso de recursos de marketing e propaganda nas empresas de comunicação. Faz o seguinte: desqualifica aquelas empresas diante da opinião pública, mostrando os interesses econômicos que constroem a notícia. Mas não te ponhas demasiadamente como vítima. Desta forma, terás atacado a raiz, a causa, não o efeito.

Uma palavra final: tua imagem é forte quando é formada e consolidada por tua presença física, não por meios eletrônicos ou impressos, filtrada por pessoas ligadas ao marketing.

26 de fev. de 2007

Ocupadíssimo

Estarei no Brasil neste início de março. Os preparativos da viagem me deixam demasiadamente ocupado e preocupado. Serei obrigado a viajar de avião, posto que as renas de Klaus ainda não estão em forma. E ainda um dos lemes de seu trenó está em conserto, à espera de um pedaço de pedra provindo da estrela de Belém. Contam-me que no Brasil há uma Belém. Talvez haja um pedaço da pedra lá. Já solicitei a meus amigos uma busca.

O principal ato de minha viagem será a galvanização de um santo brasileiro. O primeiro. Não há muitos santos no Brasil. Será porque são mesmo uns pecadores insubordinados ou porque não têm dinheiro para pagar o processo de galvanização?

Falam-me de um tal "milagre brasileiro", mas nunca mostram seu autor. Quem seria? Outros vêm dizer que Deus é brasileiro. Seria Ele o autor desse milagre? Brasileiro ou não, espero que interfira a meu favor nesta viagem, principalmente em relação ao avião.

21 de fev. de 2007

Momo

Ter amigos brasileiros faz meu período de carnaval um pouco mais animado. Reunimo-nos em Castelgandolfo nestes dias e eles fizeram folia nas quatro noites. Trouxeram instrumentos musicais típicos. Lembro-me dos nomes de alguns: cuíca, um nome curioso, pandeiro, afoxé, surdo. Vieram também algumas mulheres muito animadas, vestindo roupa parca, que dançavam ao som daquela batida ancestral. Durante o dia, os homens, sempre ao som daquele baticum, assavam carnes e bebiam cerveja enquanto conversavam em tom alto sobre futebol e mulheres.

Hoje é quarta-feira de cinzas. Confesso que prefiro o recato e o sossego à algazarra momesca, mas me diverto em ver a alegria ingênua e erótica de meus amigos que vivem abaixo do equador. A mim não causa frisson ver mulheres assim, mostrando seus corpos quase nus. Já tive quantas eu quis e agora, depois de domar a libido e adquirir a liberdade da velhice, posso me dar ao luxo de esnobá-las. Estou ligado nas coisas que não perecem com a mesma facilidade dos músculos glúteos e que não precisam de silicone para se sustentarem.

14 de fev. de 2007

13. O Poder e suas Tentações

A pessoa que ocupa o poder deve ser mais exigente e mais vigilante consigo mesma do que as demais. Porque vivencia situações e ocasiões de tal forma tentadoras que, se ceder um pouco em sua moral, encontrará razões para entregar-se às tentações. E o que são tais tentações? São tudo aquilo que beneficia a ti como indivíduo mas arruína teu poder. São ocasiões que se apresentam em que podes satisfazer desejos pessoais teus, mas que, ao cederes a isso, estarás comprometendo seriamente o exercício de tua vontade de mando. Numa palavra: tentação é tudo aquilo que te desvia da missão primeva do poder, que é manter-se a si mesmo.

São três as tentações mais fortes que irás enfrentar: a primeira é a crença de que és perpétuo, a segunda é o desejo de vingança contra teus desafetos e a terceira é a tua própria vaidade. Para evitar cair na primeira, protege-te da ação dos bajuladores e faze um plano de ação, de modo a vislumbrares tua situação no médio e no longo prazo. Para não deixar o desejo de vingança apoderar-se de ti, o melhor é praticares o calmo pensar para não guardares rancor de quem te ofendeu ou perseguiu; mas, se não alcanças fazê-lo, meu conselho é que realizes logo a vingança para que ela não te atormente por muito tempo. Por fim, para impedires que tua vaidade cresça além da conta e se sobreponha à vontade de mando, minha recomendação é que, de tempos em tempos, troques as vestes palacianas por roupas comuns e caminhes pelas ruas sem te deixares notar. E que permanentemente cultives, com tuas próprias mãos, um jardim ou uma horta em teu quintal, onde pássaros e borboletas e toda sorte de bichinhos venham zoar.

E seja demitido todo aquele que trouxer para ti ocasião de tentação.

11 de fev. de 2007

12. O Poder e a Propaganda

Eis um terreno pedregoso. Deves caminhar com cuidado e atenção redobrada, para que teu pé não se fira profundamente e te obrigue a parar. De qualquer maneira, pequenos ferimentos terás. Porque a propaganda te situa numa encruzilhada entre a verdade que pode munir teus adversários contra ti e a maquiagem que esconde teus defeitos e faz os outros crerem na tua versão. Meu conselho é que prefiras sempre a verdade e que sejas transparente para com a grande população e diante dos adversários. Destarte, que a tua propaganda seja autocrítica: deves reconhecer teus pontos fracos, mostrando que tens consciência sobre a necessidade de melhorar ali e indicando o que pretendes fazer para cumpri-lo; ao mesmo tempo, faze o público saber aquilo que consideras bom, vitorioso e benéfico.

Deves moderar tuas aparições em propagandas. Sabe que a grande população desconfia quando há excesso de exibição em material que se nota que é pago. No entanto, podes te permitir aparecer mais no noticiário, equilibrando enfoques negativos e positivos, mas com leve maioria para estes últimos. Compreende também que, quando aparecem apenas referências positivas a teu respeito, a desconfiança se instala no público. Há um ditado popular muito acertado e com o qual a maioria da população concorda: nem Cristo agradou a todo mundo. Segue-o. Não a Cristo, mas ao ditado!

Por fim, o mais pedregoso: os profissionais de propaganda. Refiro-me aqui não aos criadores, mas aos donos de agências. Muitas vezes, esses dois papéis coincidem. Por isso, deixo claro: falo de tua relação com os donos, não com os criadores. Em geral, são empresários tão vaidosos quanto artistas, advogados e economistas. Se lidas com um ou mais deles, recomendo que aprimores tua capacidade de sedução e guardes a ameaça e a chantagem para as situações extremas. Seduze-os, mas desconfiando, pois sabes que são profissionais que tanto trabalham para ti como para teus adversários. E lembra de colocar cláusula de segredo em todos os contratos que vieres a assinar com eles.

Confesso-te: o ideal é que não precisasses de propaganda.

8 de fev. de 2007

11. O Poderoso e seus Adversários

Trata teus adversários com respeito e com vigor. E com elegância. Jamais demonstres a eles deselegância ou falta de gentileza. Mesmo que alguns deles venham a agir de maneira baixa contra ti, não irás devolver na mesma moeda. Posso compreender, no entanto, que desejes, em algum momento, saborear o prazer da vingança através de um golpe baixo. Não é recomendável que o faças, mas, se é algo que te compraz, deves criar uma situação tal que, se o tal golpe vier a ter conhecimento público, não seja atribuído a ti, mas a algum de teus subordinados. No entanto, o adversário ou desafeto objeto do golpe baixo deve ter certeza plena de que foste tu quem o desferiste. Isto provavelmente custará a cabeça de teu subordinado. Portanto, se fores realmente realizar esta bobagem, escolhe, dentre teus subordinados, aquele que fará menor falta.

Tem sempre em mente que adversários não são inimigos. Por isso, deves manter aberto um canal de diálogo com eles, sabendo, porém que sua disposição inicial é criticar-te com o intuito de te desqualificar. Tu, ao contrário, não faças o mesmo a eles. Absorve as críticas e dá tua resposta em tom propositivo ou irônico, quando o primeiro não for possível. E lembra sempre que, no trato com os adversários, a sedução é melhor que a ameaça, que é pior que a chantagem.

E uma palavra final sobre isso: se sentires que os adversários crescem mais do que previste, trata de minar tal crescimento. Há muitas maneiras de fazê-lo e deves escolher dentre as mais eficazes para o momento. Devo dizer que cooptar alguns adversários sempre produz resultados favoráveis a ti, mas deves fazê-lo com parcimônia.

6 de fev. de 2007

10. O Poderoso e o Fracasso

Não te iludas: terás muitos projetos e empreendimentos fracassados. Mais: poderás até mesmo fracassar no exercício de tua vontade de mando, sendo apeado do poder ou obrigado a renunciar. Não te deixes abater por isso, pois o espírito sábio e forte sabe discernir as circunstâncias e consegue obedecer àquelas que lhes são desfavoráveis. Como as bactérias, sabe a hora de recuar e cria uma carapaça que o protege contra os ataques mais duros. E sabe esperar o retorno das condições para que se imponha novamente com toda força.

Fica atento, porém, a duas coisas. Primeira: aprende com o fracasso e tira dele lições importantes. Distingue aquelas causas sobre as quais poderias ter atuado e omitiste, cuidando de não repetir a omissão quando retornares ao exercício de mando. Segunda: reflete sobre aquelas outras causas cujo engendramento estava fora de teu conhecimento e de teu alcance, mas que atuaram de maneira decisiva para teu fracasso, cuidando de estares mais atento, de modo a detectá-las e anulá-las antes que possam se levantar contra ti.

Se, no entanto, o fracasso te deixou desmotivado a retomar o exercício da vontade de mando, tens minha total compreensão, mas terei de dizer-te que tens um espírito fraco. É bom que saibas que o poder se alimenta mais dos fracassos que dos êxitos, posto que estes podem levar o espírito a se acomodar enquanto aqueles o desafiam a vencer os obstáculos. Portanto, aprende que o fracasso jamais deve provocar em ti a autocomiseração, mas, ao contrário, há de ser o combustível de tua iracúndia, que, racionalizada em estratégias inteligentes, far-te-á realizar eficazmente a vontade de mando.

2 de fev. de 2007

Passagem pelo Galeão


Em viagens longas, costumo usar o trenó de meu amigo Santa Klaus. É mais seguro, mais privativo e mais confortável. Desta vez, porém, não foi possível tal empréstimo, pois as renas ainda estavam se recuperando da faina natalina. Assim sendo, tive que viajar de avião, coisa de que não gosto. Fiquei algumas horas no aeroporto do Galeão - Antonio Carlos Jobim, no Rio de Janeiro.

As escadas são o melhor lugar para quem quer fazer uma limpeza nasal usando as unhas. Quase ninguém passa por elas, mas, quando vem gente, consegue-se escutar os passos e dá tempo de disfarçar. Isso cria a deliciosa sensação de estar fazendo algo escondido, na iminência de ser flagrado, e conseguir camuflar.

Não gosto do sorriso profissional dos tripulantes. Mesmo na primeira classe, quando esbanjam simpatia, é tudo muito artificial. É como certas cantoras presas às aulas de canto, à academia, e não aos próprios sentimentos. Há uma polidez forçada e uma gentileza sem alma. O que mais me constrange é o momento pré-decolagem, quando as moças passam olhando para minha região pubiana, verificando se atei o cinto de segurança. Deviam inventar cintos transversais e abolir os abdominais.