2 de dez. de 2006

Domingos Jorge Velho


Além de ter comandado o massacre do Quilombo dos Palmares, desempenhei missões importantes para a Coroa Portuguesa. A mais importante delas foi em Minas Gerais, no Rio das Velhas, próximo à Vila Rica de Ouro Preto. Chegou por lá um certo Midas, vindo, segundo diziam, de um lugar chamado Grécia. Era um sujeito estranho, calado, macambúzio, sempre usando luvas. Repentinamente apareceu com uma grande quantidade de ouro, com peças em diversos formatos, inclusive de bois em tamanho real e dos quais muitos fazendeiros afirmavam terem sido seus animais transformados em estátuas douradas. O tal Midas, parecendo doido e fora de si, jogava pelas ruas grandes pedras de ouro, ao que o povo de Vila Rica se aglomerava atrás dele disputando os presentes a socos, pontapés e tiros. E Midas só andando e gritando "calma, tem ouro para todos!".

Preocupado com tanto ouro e sem saber como cobrar os impostos sobre tamanha quantidade, El Rey convocou-me com a missão de eliminar o tal Midas e expropriar todos os seus bens. Com o homem morto, não caberia qualquer indenização. Eis que, chegando a Vila Rica com um pelotão bem treinado, pedimos apoio ao chefe policial local, que designou um certo alferes Joaquim José da Silva Xavier para nos levar até o bandoleiro. O alferes, dado também à arte de cuidar e extrair dentes, conhecia a residência de Midas, pois que já lhe havia prestado este tipo de serviço. Chegados à sua casa, ordenei aos homens que fosse cercada e gritei ao tal Midas que saísse. Feito. Para surpresa de todos, vestia um sobretudo de ouro, como também o chapéu. Correu em direção ao Rio das Velhas e, sob intenso tiroteio, saiu ileso, protegido pelas roupas de ouro. Perseguimo-lo até o rio. Encurralado, não viu saída a não ser entrar na água. Porém o peso das roupas puxou-o para o fundo. Debatendo-se ferozmente contra a morte, pôs as mãos na cabeça em desespero, transformando-se totalmente em ouro. Afundou devagarinho. O povo assistiu a tudo atônito. Até hoje, no fundo do Rio das Velhas, próximo a Ouro Preto, pode-se encontrar a auto-estátua de Midas. Se você a vir, não toque nela!

5 comentários:

Anônimo disse...

São Benedito, tu que és santo, atende minha súplica: traz meu marido de volta!
Hoje não tenho mais cama,mesa, nem banho. Ele virou blogger.

Ricardo Campos disse...

Caro São benedito,

Como explicar o Paraíso na Terra exposto nos mapas TO, datados do século XI, e de cunho religioso e doutrinário?

Ninguem melhor que um santo para esclarecer minha dúvida secular.
Visite meu blog orbis-terrarum

Um abraço,
Ricardo Safra, estudante de Geografia

Anônimo disse...

Hahahahahahahaha. Essa suplica da esposa de marido bloggeiro eh otima!

Ricardo Campos disse...

Caro São Benedito,

Agradeço os comentários. Pretendo escrever um post que contemple a relação de mundo imperfeito dos homens em contraste com a perfeição divina, contida na física aristotélica.

Um abraço,
Ricardo Safra, estudante de Geografia.

Anônimo disse...

bom comeco