11 de fev. de 2007

12. O Poder e a Propaganda

Eis um terreno pedregoso. Deves caminhar com cuidado e atenção redobrada, para que teu pé não se fira profundamente e te obrigue a parar. De qualquer maneira, pequenos ferimentos terás. Porque a propaganda te situa numa encruzilhada entre a verdade que pode munir teus adversários contra ti e a maquiagem que esconde teus defeitos e faz os outros crerem na tua versão. Meu conselho é que prefiras sempre a verdade e que sejas transparente para com a grande população e diante dos adversários. Destarte, que a tua propaganda seja autocrítica: deves reconhecer teus pontos fracos, mostrando que tens consciência sobre a necessidade de melhorar ali e indicando o que pretendes fazer para cumpri-lo; ao mesmo tempo, faze o público saber aquilo que consideras bom, vitorioso e benéfico.

Deves moderar tuas aparições em propagandas. Sabe que a grande população desconfia quando há excesso de exibição em material que se nota que é pago. No entanto, podes te permitir aparecer mais no noticiário, equilibrando enfoques negativos e positivos, mas com leve maioria para estes últimos. Compreende também que, quando aparecem apenas referências positivas a teu respeito, a desconfiança se instala no público. Há um ditado popular muito acertado e com o qual a maioria da população concorda: nem Cristo agradou a todo mundo. Segue-o. Não a Cristo, mas ao ditado!

Por fim, o mais pedregoso: os profissionais de propaganda. Refiro-me aqui não aos criadores, mas aos donos de agências. Muitas vezes, esses dois papéis coincidem. Por isso, deixo claro: falo de tua relação com os donos, não com os criadores. Em geral, são empresários tão vaidosos quanto artistas, advogados e economistas. Se lidas com um ou mais deles, recomendo que aprimores tua capacidade de sedução e guardes a ameaça e a chantagem para as situações extremas. Seduze-os, mas desconfiando, pois sabes que são profissionais que tanto trabalham para ti como para teus adversários. E lembra de colocar cláusula de segredo em todos os contratos que vieres a assinar com eles.

Confesso-te: o ideal é que não precisasses de propaganda.

7 comentários:

patricia m. disse...

Sao Benedito, dificil dispensar a propaganda. A propaganda eh a alma do negocio, uh? Ate mesmo o marketing pessoal hoje em dia eh mais importante do que o conteudo. Deve ser muito mais importante para mim a ideia que eles fazem de mim, do que o que eu realmente penso sobre mim.

Benedictus Blackwhite disse...

Eu disse: é um terreno pedregoso. Talvez a idéia que façam de ti seja mais importante, mas muitas vezes tu não sabes qual é essa imagem. E, mesmo que saibas, podem estar mentindo para ti, para tentar conduzir tuas ações.

Tina disse...

Olá!

Excelente post, parabéns. Gostei do Blog, voltarei.

abraços e boa semana,

gilrang disse...

SS. BXVI,

Sábias palavras. Eu, em Banânia, também adoto minhas precauções. Meu ex-marqueteiro, o Sr. Lula Mendonça, grande torcedor de rinhas, pode servir de exemplo aos vossos ensinamentos.

Mas não devemos esquecer que a propaganda é a alma do Partido, errr... quer dizer, do negócio...

Benedictus Blackwhite disse...

Caro Gil,
tive notícia de homens de poder ao sul do equador que tiveram problemas com publicitários. Mas não apenas nesta região tais problemas ocorrem. Certa feita, há cerca de dois mil anos, tive que socorrer um certo menino com esse tipo de problema. Uns reis, que eram também magos, depois de tê-lo visitado e presenteado com ouro, incenso e mirra, divulgaram a notícia em meios hostis. Houve, depois disso, matança geral de meninos nos domínios de um tal Herodes. Salvei o menino, sua mãe e seu pai conduzindo-os até o Egito. Como? Eu era o burrinho, claro.

gilrang disse...

SS. BXVI,

Bem que eu estava reconhecendo a vossa fisionomia e não lembrava de onde. Tive que pedir à D.Galega que o remontasse o presépio para que eu pudesse confirmar. De fato, vós sois o burrinho!!!

Saudações...

Benedictus Blackwhite disse...

Aí é que te enganas! O burrinho do presépio é meu irmão, que, vaidoso ao extremo, gosta de aparecer e compareceu à manjedoura naquela noite. Eu, ao contrário, sou discreto. Apenas transportei a ilustre família ao Egito e, de lá, fui prestar serviços de transporte a beduínos nas proximidades do Saara.