
Eis um terreno pedregoso. Deves caminhar com cuidado e atenção redobrada, para que teu pé não se fira profundamente e te obrigue a parar. De qualquer maneira, pequenos ferimentos terás. Porque a propaganda te situa numa encruzilhada entre a verdade que pode munir teus adversários contra ti e a maquiagem que esconde teus defeitos e faz os outros crerem na tua versão. Meu conselho é que prefiras sempre a verdade e que sejas transparente para com a grande população e diante dos adversários. Destarte, que a tua propaganda seja autocrítica: deves reconhecer teus pontos fracos, mostrando que tens consciência sobre a necessidade de melhorar ali e indicando o que pretendes fazer para cumpri-lo; ao mesmo tempo, faze o público saber aquilo que consideras bom, vitorioso e benéfico.
Deves moderar tuas aparições em propagandas. Sabe que a grande população desconfia quando há excesso de exibição em material que se nota que é pago. No entanto, podes te permitir aparecer mais no noticiário, equilibrando enfoques negativos e positivos, mas com leve maioria para estes últimos. Compreende também que, quando aparecem apenas referências positivas a teu respeito, a desconfiança se instala no público. Há um ditado popular muito acertado e com o qual a maioria da população concorda: nem Cristo agradou a todo mundo. Segue-o. Não a Cristo, mas ao ditado!
Por fim, o mais pedregoso: os profissionais de propaganda. Refiro-me aqui não aos criadores, mas aos donos de agências. Muitas vezes, esses dois papéis coincidem. Por isso, deixo claro: falo de tua relação com os donos, não com os criadores. Em geral, são empresários tão vaidosos quanto artistas, advogados e economistas. Se lidas com um ou mais deles, recomendo que aprimores tua capacidade de sedução e guardes a ameaça e a chantagem para as situações extremas. Seduze-os, mas desconfiando, pois sabes que são profissionais que tanto trabalham para ti como para teus adversários. E lembra de colocar cláusula de segredo em todos os contratos que vieres a assinar com eles.
Confesso-te: o ideal é que não precisasses de propaganda.